segunda-feira, julho 27, 2009

O Centro


















(Local: Por ai; Equip.: Olympus E-1)
Posted by Picasa

2 comentários:

msg disse...

Muito boa tarde

Sim,"O Centro",mas talvez,também,Convergência,que é o que tem faltado por toda a parte,
sem escapar,pode dizer-se,um quaquer cantinho,para não estragar o "lindo" ramalhete.
Muito boa saúde.
PS. Quando achar que é demais o abuso,mande parar.

ARG disse...

Muito boa tarde,de novo

Tenho de concordar que o venho parasitando há muito,sem nada dar em troca. De repente,lembrei-me,mas no OLHARES DA NATUREZA há frequentes ecos de AMIEIRA DO TEJO,e de lá eu guardo meia dúzia de toscos registos,quando por lá passei há muito tempo. E se eu retribuisse com eles o grande favor que me tem sido prestado?
Olhe,aí lhe deixo um,para amostra.
Se não reprovar o gesto,o pobre gesto,seguir-se-ão os outros três ou quatro,também não é grande a fartura,mas é assim,não tenho culpa.

MORREU DE VELHO
Não haveria muitos burros como aquele. Pelo menos,lá na aldeia era ele quem levava a melhor.
É que podia ser tomado como um macho,tal a sua estatura. No trabalho,não lhe ficaria atrás. Depois,era muito paciente,nada teimoso,sempre pronto para o que fosse preciso. A acrescentar a tudo isto,que já era muito,não se mostrava exigente,nem na comida,nem na cama. Qualquer coisa lhe servia.
Não tinham conta os serviços que ele prestava. Pode dizer-se que era pau para toda a obra. E era também muito amigo de crianças. Nunca se indispôs com alguma,mesmo que,às vezes,abusassem,ao contrário do que acontecia com certos rapazolas. Ai daquele que o injuriasse,pois sabia dar a resposta adequada.
Logo de manhazinha,abastecia a casa com água da melhor fonte. Depois,tinha pela frente a ordem do dia,quase tudo a ver com a actividade principal do amo,uma lavoura mixta de sequeiro e de regadio. Ele arava,ele gradava, ele fazia girar a nora,ele carregava com os produtos da horta e das courelas dos cereais e do arvoredo. Escusado será dizer que,nos intervalos,ainda lhe cabia o transporte de passageiros.
Mas era de noite,pela fresquinha,após a ceifa,quando do carrear as colheitas para a eira,que ele tinha ensejo de pôr à prova os seus apurados dotes de orientação e de equilíbrio. Não precisava de guia,era ele que comandava,pelas estreitas veredas a subir e a descer. Os companheiros seguiam-no,confiados. Nunca perdia o trilho,nem nunca tropeçava.
Todos invejavam a sorte do dono,que,por mais de uma vez,teve de dizer não a propostas tentadoras. Morreu de velho,deixando muitas saudades. Por muito tempo foi lembrado,sempre com referências elogiosas. Aquilo é que era um burro.

Com os meus agradecimentos,
sobretudo,pelas flores do seu belo
jardim,queira desculpar a pobre retribuição.